Origens da Freguesia
A origem da freguesia perde-se
nos tempos e remonta por certo à época Neolítica.
O topônimo principal, Almargem, é
de origem árabe. Provém da palavra al-marj, que significa "o prado, o
pântano", ou mais especificamente "o paúl".
Quanto ao designativo "do
Bispo", está relacionado com o facto de Dom Miguel de Castro, Bispo de
Viseu e Arcebispo de Lisboa, e senhor de muitas terras na Freguesia, ter
mandado construir uma Ermida em Almargem (Capela de S. Pedro).
É, portanto, em memória deste
Bispo que a Freguesia passa a chamar-se de S. Pedro de Almargem do Bispo.
Referências Históricas
A referência mais antiga do
povoado (Almargem do Bispo - sede da Freguesia), de que há conhecimento, é a
carta de venda, de Abril de 1203, de uma vinha no lugar do Almargem, por 7
morabitínos, feita por D. Paio Gonçalves, Prior do Mosteiro de S.Vicente; e a
doação, em Março de 1264, efectuada ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra,
"dum herdamento de herdades e viñas e de casaes com seus corraes e montes
e fontes e águas, entradas e saídas e pasigos e todos dereitos (...) no termo
de sintra em loco que dizem Almargeo".
No Século XV, o espaço geográfico
do Almargem estava dividido em duas partes: a que pertencia ao Termo de Sintra
e andava integrada na zona canónica de S. Pedro de Canaferrim e a da banda de
Leste, que pertencia ao Termo de Lisboa.
"Dentro do povoado do
Almargem, festeja-se o Espírito Santo e S. Mamede" e "dizem--se
muitas missas" na Capela Gótica, "aonde vão as romarias da
Freguesia". Mais ao Norte, a Ermida de Santa Eulália, acabara de ser
edificada, em 1466; e depressa se torna de "grande romagem" e se
começa a fazer uma "feira no seu largo".
Já então, existia de recuada
época, a Ermida de Santa Cruz, do Casal da Granja.
No Século XVI, os desajustamentos
mais flagrantes da região, são sofridos pela Freguesia do Almargem do Bispo
pelo corte diagonal do seu território, desdobrado judicialmente entre Lisboa e
Sintra. A Freguesia de Almargem era mais considerada olissiponense do que
pertencente a Sintra; eclesiasticamente pertencia a Sintra; administrativa e
judicialmente a Lisboa.
Por esta altura, os habitantes de
Almargem terão erguido uma Ermida ou simples Eclésia Cemiterial. D. Miguel de
Castro (1536-1625), Bispo de Viseu, e depois Arcebispo de Lisboa, que era
senhor de muitas terras no Almargem, teria determinado a criação da paróquia.
São as crônicas que rezam. Dizem elas que "sendo o povo de Almargem
incomodado pela instância da freguesia a que estavam sujeitos hum Bispo e suas
irmãs, que ali havia e eram senhores do grande Casal do Almargem, trabalharão
para que se erigisse ali huma paróquia separada com a invocação de S. Pedro; e
o povo desanexou da antiga paróquia". E, deste modo, em memória ao seu
Bispo, passou a designar-se a nova Freguesia de S. Pedro de Almargem do Bispo.
Já para o fim do Século, Filipe I, concede aos caseiros do Bispo D. Miguel de
Castro, "alvará de previlégios".
Existia então desde 1542, no
lugar de Camarões, na zona do termo de Lisboa, a Ermida de Nª Srª dos Enfermos,
na qual se venerava a "Virgem Senhora e Sant'Ana; a ela vem muitos
romeiros em satisfação de votos e procurarem o amparo da mesma Senhora que a
muitos socorre, o que se vê pelos milagres que tem nas paredes".
No Século XVII, logo na alvorada
do Século, Filipe II concede alvará de finta, aos moradores de Almargem do
Bispo, para fazerem a obra da Igreja. São ainda as velhas escrituras que
acrescentam que, "o Bispo e suas irmans não só concorreram para isto e
para a edificação da igreja mas também deram do seu próprio Casal o terreno
preciso para essa edificação, para as casas do pároco, para logradouro e passal,
adquirindo por este modo uma espécie de Direito de Pay".
De posse de regalias várias e de privilégios
outorgados por D. João IV, os fregueses do Almargem do Bispo, aformoseiam
orgulhosamente, em 1667, todo o interior da sua igreja; e, por alturas de 1687,
fundam uma albergaria.
No Século XVIII, em 1717, os
fregueses do Almargem, executam na igreja de S. Pedro, obras avultosas.
Além do orago S. Pedro, veneram-se
então, nos altares, as imagens de Nª Srª da Conceição, Nª Srª da Piedade, Nª
Srª do Rosário; como igualmente Santo António, Santo Antão e São Miguel. E, diz
o Dicionário Geográfico, que tinha assento no tempo, "Hua só irmandade q
hé das almas". Havia, porém, mais as confrarias do Santíssimo Sacramento e
de Nª Srª da Piedade. Esta última, viria a obter licença para o lugar do
Almargem, de uma Feira Franca, por provisão de 18 de Agosto de 1762. Em 1758,
ergue-se sobre o Monte Saborel, na Fonte da Aranha, a Ermida de Nª Srª da
Piedade da Serra. Já então, funcionava naquele lugar uma feira concedida aos
seus moradores, por alvará de 20 de Outubro de 1753. E, em 1768 no lugar de
Dona Maria, erige-se a Ermida de Nª Srª do Monte Carmo.
No Século XIX, aparece um novo
patrono da região, o General Barnabé António Ferreira. Em 1862, casa em
segundas núpcias com Amélia Sophia Gonzaga, proprietária de várias terras no
Almargem. A sua ligação à freguesia tem aqui o seu início. Apesar de ter
residência em Lisboa, era na Quinta do Rebolo, em Almargem, onde tinha uma
propriedade que se refugiava muitas vezes.
Conta-se então que foi nesta
Quinta que muito apreciava, que o General Barnabé fez o seu testamento. Entre
outros beneficiários inclui-se também a Junta de Freguesia de Almargem do
Bispo. Legou as suas propriedades, conforme reza o testamento, "à Junta de
Paróquia da Freguesia de S. Pedro de Almargem do Bispo, ou à corporação que de
futuro a possa substituir no concelho de Sintra, com a obrigação de estabelecer
na casa da Quinta do Rebolo uma escola mista", que seria denominada escola
Ferreira.
Caracterização
Espaço geográfico de 37 KM2 com uma população estimada de 10.400
habitantes em 2011, 7227 dos quais são eleitores em Abril de 2011.
No passado era a agricultura a
atividade dominante de suas gentes, principais abastecedores dos mercados de
Sintra, Belas, Queluz, Amadora e Lisboa. Hoje em dia Almargem, Aruil e Albogas
são sem dúvidas os grandes fornecedores de Lisboa das hortaliças que ali se
consomem.
Atualmente são importantes também o comércio e a indústria, como é o
caso de Negrais, que além da transformação da pedra, tem uma indústria bastante
conhecida: o famoso leitão de Negrais.